quarta-feira, 7 de maio de 2008

Fazendeiro acusado de matar Dorothy Stang é absolvido no Pará

O Conselho de Sentença da 2ª Vara de Júri de Belém absolveu nesta terça-feria o fazendeiro Vitalmiro Bastos Moura, o Bida, acusado de participação no assassinato da missionária Dorohty Stang, em fevereiro de 2005. Por cinco votos a dois, a Justiça o considerou inocente.

A sentença saiu às 20h de hoje, depois de dois dias de julgamento presidido pelo juiz Raimundo Moisés Flexa. Para o juiz, faltavam provas para condenar Vitalmiro, que estava preso desde 2005. Ele deve ser solto ainda hoje.

O fazendeiro foi acusado de ser o mandante do assassinato da missionária, na cidade de Anapu, sudoeste do Pará.

Dorothy Stang, americana naturalizada brasileira, foi morta aos 73 anos com seis tiros quando se dirigia a uma reunião com agricultores no interior de Anapu. Ela atuava havia 40 anos na organização de trabalhadores no Pará.

Em sentença de maio de 2007, Vitalmiro já havia sido condenado a 30 anos de prisão. Por conta do tempo da pena, ele teve direito a um novo julgamento.

O promotor Edson Souza afirmou que vai se manifestar dentro de cinco dias. Ontem, em sua fala final, o promotor disse que a missionária "que foi tão perseguida em cida", estava "sendo insultada depois de morta".

No momento da absolvição, David Stang, o irmão de Dorothy, se manifestou, contrário à decisão. "Estou muito desapontado, mas respeito o Estado brasileiro e a opinião [do júri]", afirmou à Folha.

Pistoleiro

O pistoleiro Rayfran das Neves Sales, conhecido como Fogoió, foi condenado a 28 anos de reclusão. Assassino confesso da missionária, ele enfrentou seu terceiro júri.

No primeiro julgamento, em dezembro de 2007, ele tinha sido condenado a 27 anos de prisão, mas a defesa do pistoleiro conseguiu anular a pena, alegando falhas técnicas. O segundo julgamento foi anulado.

Ontem, ele voltou a contradizer os julgamento anteriores, dando uma nova versão do caso. Ao júri, Fogoió afirmou que a arma do crime era sua e que não houve mandante.

Ele ainda tentou convencer os jurados de que o amadorismo do crime não era compatível com uma morte encomendada, além de reafirmar que Dorothy incitava a violência na região.

A declaração foi vista como essencial para a reviravolta do caso, segundo a Promotoria.

Outras duas pessoas já foram condenadas pela morte de Dorothy. O agricultor Amair Feijoli da Cunha, o Tato, acusado de ter contratado os pistoleiros, foi condenado a 18 anos de prisão, após ter a pena reduzida por colaborar com as investigações.

Já Clodoaldo Batista, que estava com Rayfran na hora do crime, foi condenado a 17 anos por co-autoria.

O pecuarista Regivaldo Pereira Galvão, acusado de ser o mandante do crime juntamente com Vitalmiro, foi pronunciado, mas recorreu e aguarda a decisão em liberdade. Ele nega a participação na morte.

Disputa

Segundo a acusação do Ministério Público, o fazendeiro contratou pistoleiros para matar a freira motivado pelo disputa de um lote de terra com agricultores sem-terra.

A morte de Dorothy foi encomendada por fazendeiros pelo valor de R$ 50 mil, segundo as investigações. De acordo com a Promotoria, a missionária defendia a criação de assentamentos para sem-terra na região, o que desagrava fazendeiros.

A irmã Dorothy vivia há mais de 30 anos na região da Transamazônica. Quase metade de sua vida foi dedicada à defesa dos trabalhadores rurais.

A morte da missionária teve repercussão internacinal e se tornou marco no conflito agrário brasileiro.

Desde 1972, a missionária trabalhava com as comunidades rurais de Anapu e sua luta era pelo direito à terra e a adoção de um modelo de desenvolvimento sustentável que promovesse melhor qualidade de vida para a comunidade.

Dorothy liderava o projeto de assentamento PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança, em Anapu, e queria que as terras que Bida alega possuir fossem desapropriadas.

Com Agência Folha

Fonte: Folha de São Paulo Online. Link para noticia orginal: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u399303.shtml

Postagem: Cris, 2.o B.

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