sábado, 16 de agosto de 2008

Gastos dos maringaenses refletem o descaso com cultura

"É lamentável ver que uma pessoa prefere comprar um maço de cigarros por R$ 3 e deixa de comprar um livro infantil ou uma revista em quadrinhos por R$ 1 em um sebo, que ajudaria o filho a criar o hábito de leitura". A reclamação é do comerciante Robespierre Roque Tosatti, proprietário de um sebo na avenida XV de Novembro, acrescentando que um livro, por pior que seja, ainda trará benefícios, enquanto o cigarro certamente trará prejuízos à saúde do usuário e dá mal exemplo para as crianças.

O comentário do comerciante foi feito com base na projeção de consumo do povo brasileiro em 2008 feita pela consultoria Target Marketing com base nas contas nacionais e na estrutura de gastos dos brasileiros medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Após o cruzamento de dados, a consultoria chegou à informação que - até o último dia deste ano - os maringaenses terão gasto R$ 28.885.822 só com cigarros, número bem superior ao que será gasto com livros: R$ 20.594.694.

Se a comparação é motivo para Tosatti se decepcionar com o desprezo do maringaense com a cultura e a informação, a surpresa é ainda maior quando ao gasto com cigarros é somada a despesa com bebidas: R$ 57.898.968 até o dia 31 de dezembro. Serão quase R$ 87 milhões despendidoscom bebidas e cigarros, contra R$ 28,5 milhões com livros.

Para o empresário Massao Tsukada, proprietário das livrarias Bom Livro e Espaço do Livro, a situação é mais grave do que parece. "Temos que levar em conta que, nesses R$ 20 milhões que os maringaenses empregarão na compra de livros, estão incluídos os materiais didáticos e livros que são exigidos pelas escolas". De acordo com ele, a quantidade de livros adquiridos para informação e deleite é muito pequena.

Para Tsukada, o potencial de compra do maringaense vem crescendo devido a uma série de fatores, mas o reflexo primeiramente ocorre em outros setores da economia, não na aquisição de bens culturais, como livros e discos, revistas e jornais. "Primeiro o cidadão vai privilegiar a compra de uma geladeira nova, um aparelho de tevê", lembra. Para ele, uma das razões da baixa procura por livros é a falta de hábito de leitura do povo brasileiro. Hoje, o índice de leitura no País é de 1,5 livro per capita por ano, muito baixo quando comparado à média mundial de 10 livros por pessoa.

Tsukada e Tosatti lamentaram que a leitura tenha tão pouco espaço nas preferências dos maringaenses, perdendo de longe para vícios como o cigarro e a bebida.


Fonte: Jornal O Diário online. Link para notícia: http://www.odiariomaringa.com.br/noticia/198653

Postagem: Cris, PUC, Direito, 2o B

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